BBB23| Como identificar um relacionamento abusivo

“Eu estou aqui para fazer um alerta antes que seja tarde. Quem está envolvido em um relacionamento talvez nem perceba, talvez ache que é normal, mas quem está ‘de fora’ consegue enxergar quando os limites estão prestes a ser gravemente ultrapassados”. Esse foi um trecho do discurso feito pelo apresentador do Big Brother Brasil, Tadeu Schmidt, referindo-se ao relacionamento entre os participantes do reality show, Bruna Griphao e Gabriel Fop. 

Nas cenas transmitidas nacionalmente, Gabriel pega com força no braço de Griphao. Ele a empurra, diz “eu sou mudo ou você é surda?” e também ameaça:  “Já, já, vai tomar umas cotoveladas na boca”. Nas redes sociais, não faltou quem apontasse o caráter abusivo do relacionamento e a repercussão foi tanta que a direção do BBB decidiu se posicionar. Mas e na vida real, quando não existe um apresentador para alertar que a relação em que você está não é saudável? Como identificar se aquele é um ambiente abusivo?

Os abusos físicos costumam ter sinais mais óbvios. Os indícios de abuso psicológico, no entanto, podem ser mais difíceis de identificar. Isso porque a parte abusiva da relação consegue fazer com que o parceiro questione a própria sanidade e se sinta culpado, num processo conhecido como gaslighting

O psicólogo do Grupo Hapvida NotreDame Intermédica, Carol Costa Jr., diz que, no início do relacionamento, é comum haver uma atmosfera de encantamento. O cenário só muda tempos depois. “No começo, há um engajamento. Depois, o que era muito bom passa a ser tóxico e quem está envolvido não consegue perceber. É quando o parceiro começa a subjugar ou querer, até mesmo, ser dono da outra pessoa”, explica.

Estar atento aos sinais, desde o início da relação, é importante para evitar casos como os crimes de feminicídio, por exemplo. No Maranhão, em 2022, a Polícia Civil, através do departamento especializado, registrou 66 ocorrências no estado.

Esse não é o primeiro caso de abuso psicológico dentro do BBB. Quem não se lembra da relação entre o médico Marcos Harter e a jovem Emilly Araújo, na edição de 2017, em que ela reclamava que ele apertava seu braço e a encurralava contra a parede?

“Relação em constante medo não é normal. Seu companheiro pedir que você se afaste dos amigos e familiares, ainda que com um tom amigável, também pode ser um sinal de alerta”, reforça o profissional.

O psicólogo Carol Costa Junior enfatiza que é importante estar atento ao funcionamento do próprio cérebro, porque a pessoa que quer enxergar apenas coisas boas não consegue perceber a realidade. 

“A pessoa envolvida vê a flor, mas não consegue enxergar os espinhos naquela flor. Isso não é uma tarefa fácil, por isso é importante mapear o comportamento do outro e o seu também. Caso se configure uma dinâmica de relacionamento abusivo, busque ajuda”, enfatiza Carol, reforçando a importância do apoio de amigos e auxílio profissional nesse momento. “Busque terapia. Um psicólogo terá as ferramentas e o conhecimento necessário para ajudar você neste momento”, finaliza.