Adeus, celular! A adaptação de estudantes do Maranhão à nova regra nas escolas
Você já imaginou um recreio sem celulares? Para milhares de alunos, essa é a nova realidade desde a sanção da Lei 15.100/2025, que restringe o uso de dispositivos móveis nas escolas públicas e privadas da educação básica em todo o Brasil. No Maranhão, a medida tem gerado diferentes reações entre estudantes, pais e professores, exigindo adaptações e levantando reflexões sobre o impacto da tecnologia na rotina escolar.
Para Lucas Abreu, de 10 anos,estudante de uma escola municipal em São Luís, a mudança não foi bem recebida. “Eu não gostei dessa lei. Antes, eu podia jogar no celular no recreio e assistir vídeos quando terminava as tarefas. Agora, ficou chato”, desabafa. Já Ana Clara Martilies, de 13 anos, estudante de uma escola particular, começou contrariada, mas percebeu um novo lado da experiência. “No começo, achei horrível, mas agora estou me acostumando. Antes, eu quase não olhava para minhas amigas direito. Agora percebo como são engraçadas e legais”, conta.
Os desafios para as escolas e papel da família
A adaptação não tem sido apenas dos alunos. As escolas também precisaram reorganizar a rotina para garantir o cumprimento da lei. Helen Almeida, diretora pedagógica do Colégio e Pré-Vestibular Audaz, explica que o maior desafio é monitorar os momentos em que os celulares antes eram liberados.
“As regras dentro da sala de aula já existiam, mas agora precisamos garantir que a proibição seja respeitada também nos intervalos e na saída”, afirma. Apesar disso, a diretora já observa mudanças positivas no comportamento dos estudantes. “No recreio, antes, muitos ficavam isolados no celular. Agora, vemos mais rodas de conversa e brincadeiras. Isso é essencial para o desenvolvimento social das crianças e adolescentes.”
Helen também destaca que a nova regra não impede o uso pedagógico da tecnologia, desde que supervisionado pelos professores. “Temos alternativas dentro da escola, como Chromebooks para atividades pedagógicas. O importante é equilibrar o uso da tecnologia sem comprometer a atenção e a disciplina dos alunos”, orienta.
A participação dos pais tem sido fundamental nesse processo. Marcos Abreu, pai do Lucas, aprovou a medida. “Eu achei essa lei excelente. Com a escola ajudando a limitar o uso, ficou mais fácil reforçar essa disciplina com o celular em casa. Espero que ele aprenda a usar a tecnologia com mais equilíbrio”, destaca.
Helen reforça a importância do envolvimento familiar. “Muitos adultos já têm uma relação de dependência com o celular. Imagine os jovens, que ainda estão em desenvolvimento? Cabe às famílias ajudarem os filhos a entender que a escola é um espaço de aprendizado e socialização, e que existem outros meios para se comunicar em caso de necessidade.”
A tecnologia e seus impactos
Os números mostram que a discussão vai além da escola. Segundo levantamento da Folha de S. Paulo, em 2023, 97% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos usavam o celular para acessar a internet, e 61% dos bebês até três anos já tinham contato com smartphones. Especialistas apontam que o uso excessivo da tecnologia pode afetar a concentração, a socialização e até a saúde mental dos jovens.
Para Helen, apesar das dificuldades iniciais, a mudança traz um saldo positivo. “Ensinar os alunos a ter controle sobre o uso da tecnologia é um grande aprendizado. No mundo profissional, eles precisarão saber quando e como usar esses dispositivos de forma adequada. Essa transição pode ser desafiadora, mas é essencial para formar jovens mais conscientes e preparados para o futuro”, conclui. E para você, a restrição do uso do celular na escola é um problema ou uma oportunidade?
Especialistas apontam que o uso excessivo da tecnologia pode afetar a concentração, a socialização e até a saúde mental dos jovens. Segundo uma pesquisa recente do Instituto Datafolha, 65% dos pais de crianças e adolescentes entre 12 e 18 anos não querem que seus filhos usem celulares durante as aulas. No total da população, 62% também são contra.